Dentre os hábitos bucais podemos citar: a respiração bucal, sucção de dedo, chupeta ou lábio, uso da mamadeira, bruxismo, onicofagia (roer as unhas).
Os hábitos bucais podem interferir no desenvolvimento correto da criança, podendo levar a alterações oclusais como:
Para que a má oclusão se instale, devemos observar:
Intensidade do hábito – quantas horas por dia.
Duração do hábito – quanto maior o tempo de uso, maiores as seqüelas.
Biotipo da criança – padrão hereditário (caso algum dos pais apresentem algum tipo de má oclusão).
Importante ressaltar que a criança amamentada em livre demanda, na maioria das vezes, tem sua necessidade fisiológica de sucção suprida.
A introdução de chupeta e mamadeira é realizada pelos pais e reflete um inconsciente coletivo de que os bebês precisam desses artifícios. São eles então, responsáveis por esse hábito, já que o administram.
Muitas crianças, inclusive, rejeitam e não aceitam chupeta nem mamadeira.
Importante lembrar que todo processo de remoção de hábitos deve ser lento e gradativo. É necessário compreender e procurar a causa do hábito. O apoio familiar é muito importante! Devem-se evitar chantagens, punições ou castigos. Vale mais conscientizar a criança sobre os efeitos causados nos dentes e estimular, através de programas educativos, para que deixe o habito.
Caso a remoção do hábito seja antes dos 2 anos de idade, em alguns casos, as alterações causadas podem regredir naturalmente, sem a necessidade de uso de aparelhos.
Algumas dicas:
Antes de remover a mamadeira, é importante substituir pelo copo uma das mamadas. Quando perceber que seu filho está aceitando bem, comece a “negociação” para substituição da mamada noturna. Esse processo pode durar de 2 a 6 meses, dependendo da criança e também do compromisso da família.
Para facilitar use copos com tampa, também chamados de copos de transição.
Outra “estratégia” usada por alguns é diluir gradativamente a mamadeira noturna, com isso o leite vai ficando sem sabor e a criança o rejeita. Oferecer um leite saboroso no copo e dizer que provavelmente é a mamadeira velha que está estragando o leite.
Importante lembrar que uma criança com mais de 3 anos consegue alimentar-se bem, sendo nutricionalmente, desnecessária a mamada durante a madrugada.
É um hábito nocivo, que oferece risco de cárie e deve ser retirado!
Ao falar de copos de transição, podemos imaginar três cenários:
Isso poderá nos dar uma noção da dificuldade ou facilidade que ocorrerá essa transição, como também da importância e urgência em introduzi-los.
Recomenda-se a amamentação exclusiva até os 6 meses e após esse período a oferta de outros líquidos.
O bebê é capaz de usar o copo comum, de tamanho infantil, com bordas arredondadas. A postura para segurar o copo e para engolir será ativa e isso deve ser estimulado.
A introdução da mamadeira incentiva o desmame precoce, provoca confusão de bicos e promove uma forma passiva de segurar e deglutir (engolir).
Muitos pais continuam usando a mamadeira para oferta de água e suco e essa é uma prática que deve ser evitada.
Embora o ideal seja o uso de copo comum, sabemos que ele não é tão prático.
Assim a busca pelo copo de transição ideal será aquele que mais se aproximar de um copo comum.
Qualquer copo que a criança precise sugar, através da formação de uma pressão negativa intra-oral não são funcionais e podem, ao trabalhar músculos errados, alterar o crescimento fisiológico dos ossos da face. Por exemplo, ao usar um canudinho muito fino a criança precisa fazer uma força muito grande nos músculos da bochecha (musculo bucinador). A pressão da bochecha comprime a maxila e pode torna-la atrésica. Como um problema leva a outro, na presença de atresia de maxila, a língua perde sua postura correta e altera a forma de deglutir e a fala. Como consequência, aumentam-se os riscos de desenvolver respiração bucal, má-oclusao, patologias respiratórias e distúrbios de fala.
O copo de transição deve ser escolhido não por ser o mais moderno ou o que faz mais sucesso com as mães ou com as crianças. Precisamos lembrar que assim como mamadeira, o copo de transição não é um acessório. É um instrumento e precisa de indicação, finalidade definida, avaliação do padrão de sucção do bebê e prescrição.
Cada caso é um caso.
Não há problema em usar um canudinho, em usar um bico, eventualmente. Mas há sim a importância em saber reconhecer quais são as necessidades individuais do seu filho.
A avaliação e orientação de um profissional, certamente fará a diferença.
Exemplo de um copo de transição ideal: http://bit.ly/1KylzLI
Para remover a chupeta, deve-se reduzir o seu uso a cada dia. Comece utilizando moderadamente somente quando a criança estiver adormecendo.
Quando a criança dormir, lentamente, retire a chupeta da boca e guarde-a. A chupeta não deve ficar à disposição da criança. É a mãe que deve administrar as horas de uso da chupeta, e não a criança.Incentivar a autonomia da criança é muito importante.
Realçar as coisas típicas de bebê: fralda, chupeta, mamadeira e compará-las com as coisas novas dessa fase de “criança”. Vale falar dos copos do personagem preferido, do sorriso do super herói, do futebol com o pai, etc.
É papel dos pais na remoção de hábitos:
Importante sempre dar um reforço positivo à criança!
Há uma grande discussão sobre o hábito de chupar o dedo. Muitos consideram pior do que os hábitos bucais de chupar chupeta. E que o melhor é estimular o uso da chupeta, pois é “mais fácil” de tirar.
Precisamos, mais uma vez, observar e compreender os momentos em que essa criança recorre ao hábito. É o mesmo dedo? Da mesma maneira? Quais são esses momentos? Qual o sentimento que a criança tenta suprir? O uso está relacionado a problemas que a criança enfrenta no ambiente familiar ou na escola? (separação dos pais, nascimento de um irmão, carência afetiva, competição ou discriminação por parte dos colegas).
Geralmente, a chupeta é usada quando os pais precisam que a criança se acalme, enquanto o dedo é usado quando a criança carece de conforto.
A grande diferença entre os dois hábitos bucais é que o dedo está disponível para a criança quando ELA precisa. Enquanto a chupeta é oferecida quando os PAIS precisam…
Há bebês que sugam o dedo desde o útero. Essas crianças apresentam uma grande necessidade de sucção. O primeiro fator que irá contribuir para solucionar essa necessidade é a amamentação em livre demanda.
Esse então seria o primeiro passo.
Além do aleitamento materno a mãe precisará de muita paciência e carinho. Ao perceber que o bebê inicia a sucção, retirar o dedo delicadamente e oferecer o peito, brincar com as mãozinhas ou proteger as mãos com luvas são algumas opções.
Há bebês que descobrem os dedos durante a erupção dos dentes. Levam a mão à boca para aliviar os sintomas e acabam sugando os dedos e adquirindo o hábito nesse momento.
Há um grande desconforto na erupção dos dentes, pois coçam e doem. Mordedores são muito úteis e substituem a mão nos hábitos bucais. Ofereça mordedores, preferencialmente gelados (coloque-os na geladeira antes de oferecer à criança). O alívio dado pelo mordedor fará a criança esquecer o dedo.
Quando a criança estiver com o dedo na boca, não recrimine, apenas tente distraí-la para outra atividade que tenha que fazer uso das mãos.
Para a remoção do hábito prepare-se para o processo consciente de que a paciência e o reforço positivo são peças-chave e que frustrações fazem parte dele.
A criança precisa entender, concordar e participar do processo.
A consulta a um profissional também ajudará. Ele também terá um papel importante na conscientização da criança. Devemos conversar explicando o porquê da remoção, fazendo reforços positivos, motivando com muito amor e compreensão. Deve-se usar muita criatividade, procurando distrair a criança.
Colocar um band-aid no dedo, amarrar um lencinho ou vestir uma luva no momento de dormir são algumas delas. Altas doses de amor, paciência e determinação, porém, continuam sendo os fatores essenciais para que a remoção do hábito ocorra de maneira positiva e sem traumas para a criança.
Caso falhem todas as tentativas, podemos recorrer a aparelhos específicos para remoção de hábitos.
Os hábitos bucais envolvem um aspecto emocional importante. A criança deve ser respeitada e compreendida para que possa ter um desenvolvimento saudável.
A necessidade de sucção faz parte da fase oral e deve ser suprida.
Esse aparelho possui um recurso denominado “mamilo” que permite que a criança faça a sucção, esgotando essa necessidade. Ao eliminarmos o hábito, damos condição para que o crescimento saia do padrão patológico.
CROSP 47750