
Entenda, de forma simples e prática, a diferença entre uma arcada bem desenvolvida e uma arcada alterada — e por que avaliar cedo faz muita diferença no sorriso e na saúde do seu filho.
O que está acontecendo no rostinho do seu filho?
Você já reparou que algumas crianças têm um sorriso mais largo, com espaço entre os dentinhos, e outras parecem ter tudo “apertadinho”, quase sem espaço para as trocas dentárias? Isso vai muito além da aparência: está ligado a como o rosto e a arcada estão se desenvolvendo.
Até os 6 anos de idade, cerca de 70–80% do desenvolvimento facial já ocorreu. Ou seja: é antes dos 6 anos que temos a melhor oportunidade de ajudar o crescimento a seguir o caminho certo.
Arcada bem desenvolvida — o cenário ideal
- Espaço suficiente para que os dentes permanentes nasçam na posição correta;
- Respiração nasal, que estimula o crescimento saudável da maxila;
- Mastigação ativa, com alimentos de diferentes texturas, fortalecendo músculos e ossos;
- Palato mais largo e língua bem posicionada, favorecendo postura e função.

Arcada alterada — o que observar
Agora imagine uma arcada estreita, com o céu da boca alto (palato ogival), mordida cruzada e falta de espaço para os dentes novos.
Nessas crianças é comum observar:
- Respiração bucal (respira pela boca com frequência);
- Palato estreito e língua em posição baixa;
- Seletividade alimentar — preferência por alimentos moles como macarrão e pão de forma, com pouca mastigação;
- Maior risco de apinhamento dos dentes permanentes e problemas de fala, sono e postura.


Por que a alimentação e os hábitos importam
Mastigar alimentos com texturas variadas estimula o desenvolvimento ósseo e muscular da face. Quando a criança prefere alimentos moles, o estímulo mastigatório é reduzido — e isso influencia no crescimento do palato e da maxila.
Além disso, hábitos como uso prolongado de chupeta e sucção digital também contribuem para palato estreito e alterações na oclusão.
Estimule seu filho a mastigar alimentos mais fibrosos, duros e secos. A ação muscular para a mastigação irá estimular o desenvolvimento das bases ósseas. Sempre lembrando que a mastigação deve ser unilateral e alternada para que as articulações trabalhem em harmonia.

O que a ciência (de forma simples) nos diz
Estudos na área mostram que uma parcela significativa de crianças pequenas já apresenta algum tipo de má oclusão (mordida cruzada, mordida aberta etc.). Há uma relação clara entre respiração bucal, hábitos orais e alterações no desenvolvimento craniofacial.
Importante: quanto mais cedo a correção, mais natural e simples tende a ser o resultado. Antes dos 6 anos, a maxila responde bem a estímulos e expansões leves — depois disso, muitas mudanças exigem tratamentos mais complexos.
Por que tratar antes dos 6 anos?
- Os ossos faciais estão mais maleáveis — intervenção é mais eficiente;
- Possibilidade de orientar o crescimento com aparelhos funcionais leves;
- Menor chance de tratamentos longos, extrações ou cirurgia futura;
- Melhora da respiração, sono, fala e bem-estar geral da criança.
Meu olhar como especialista
Com mais de três décadas atuando em Ortopedia Funcional dos Maxilares, acompanhei grandes diferenças entre crianças que receberam avaliação precoce e aquelas que só foram vistas na adolescência.
Minha abordagem é sempre:
- Individualizada — avalio respiração, postura da língua, hábitos e dieta;
- Minimamente invasiva — priorizo aparelhos funcionais e orientações comportamentais;
- Ética — proponho intervenção apenas quando claramente necessária para a saúde e desenvolvimento da criança.

O que você, pai ou mãe, pode observar agora
Se perceber qualquer um destes sinais, é hora de marcar uma avaliação:
- Respira pela boca com frequência;
- Dorme com a boca aberta ou ronca;
- Tem preferência por alimentos muito moles;
- Mostra dentes “apertados” ou falta de espaço aparente;
- Apresenta mordida cruzada visível, mordida aberta ou alguma outra má oclusão.
Não espere os dentes permanentes aparecerem.
Avaliar cedo pode evitar tratamentos demorados e garantir um crescimento harmônico.


